Estar convicto do que não se vê. Fé. Em conceitos abstratos,
se fixar apesar de dúvidas. Tudo isso faz parte do trilhar com Deus. O que
afinal é caminhar com Deus?! Privo-me da resposta por cada um ter a sua
jornada. Há quem ande com um Deus gracioso, outros com um punitivo. Ora com
alegria, ora com tristeza. Seja como for, fato é que a gente caminha.
Nunca me obriguei a eliminar dúvidas. Não seria elas o
alimento da fé? Pois ainda que não entendamos, “continuamos a nadar”, como a
Dory um dia recomendou. Ouvimos por aí
que a fé move o sobrenatural, atrai milagres. Já sentiu a fé frustrada? É o que
acontece por a depositarmos em nós. Tão pequena, não passa de uma simples
estimulação a vida cristã, onde eu sou algo, meu nome tem valor, minha oração
poderosa em Deus. Atribuímos fé ao que projetamos de Deus em nós mesmos e aí
encontramos o engano.
Deus não é obrigado a nos responder. A abençoar nosso dia,
direcionar, fazer tudo que queremos, tudo que pedimos. A verdade é que Cristo
não tem necessidade em nos perdoar, quando este é Filho de Deus, o EU SOU. Mas
investimos numa tola ilusão de que ele há de descer do Céu e mover. Pelo nosso
mérito responder orações. Enganamos-nos dizendo que é para que a Sua glória se
mostre. Bobagem! Fizemos do Patrão o mordomo.
Acreditar em Deus não faz dEle nosso servo. Ter uma vida
santa e reta não é a garantia de receber tudo que pedirmos. Por isso nos
encontramos tantas vezes chateados, magoados com Deus. Colocamos nEle a
responsabilidade de se mover conforme a nossa oração. Mas esta posição cabe é a
nós. Quem encontra direção na conversa divina somos nós, não o Senhor. Quem dita sobre nós é Cristo, não nós mesmos.
Estamos intrínsecos aos sentimentos de independência, dominação, narcisismo,
prontos a todo instante a governar a nós e aos outros e com isso distorcemos a
fé.
Fé que agrada a Deus é a provida de desprendimento. É você
poder olhar a vida com seus olhos, mas fazer isso com os do Senhor. Podendo
decidir todos os seus dias, entregá-los a caneta do Autor. Deixar os impulsos
do coração pelo verdadeiro Amor. E saber que nada disso impõem a Deus qualquer
tipo de responsabilidade que este não queira. Pois tudo que Ele faz é favor.
Devemos sim ter ousadia no pedir, tudo consagrar e fervorosamente clamar. Mas
quando o momento passar, sem constrangimento voltar a nossa humilde condição de
pó. Pó que é soprado pelo Fôlego de Vida quando este o quer, onde quer.
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