A sociedade contemporânea, e não apenas ela, pois isto já
ocorre há tempos, embasa-se na ideia de “não pise no meu calo, senão, as coisas
vão ficar feias para você”. O mundo nos ensina a velha lei de Hamurabi, à moda
do “olho por olho e dente por dente”, todavia, como em um diálogo onde
encontramo-nos no mundo, Cristo nos convida ao modo mais gracioso, de agirmos
por Ele, e não mais por nós. Ele te convida a medir tuas palavras, parceiro.
Porque antes de querer fazer de tudo para limpar o teu nome ou a tua reputação,
saiba que você corre sérios riscos de sujar o nome dEle.
Você descobre que alguém está falando mal de você... alguém
te procura sobre as “novas” das pessoas ao redor... alguém faz um comentário
malicioso sobre determinado fato ou boato (seja ele do Facebook ou não) e por
aí vai. Note que quase sempre esses casos envolvem alguém. É!! Alguém mesmo!
Esse ninguém indefinido que tenta se definir definindo fatos indefinidos,
indecisos, indelicados, que de importantes não têm coisa alguma a não ser a importância
de trata-los. Pois é, meu caro... falar sem medir as palavras te deixa perdido
no labirinto de semitons fora da regência do Mestre Jesus.
Primeiro centímetro:
autocontrole (que não chega a ser tão “auto” assim...)
Para começo de conversa, a Bíblia nos diz em Provérbios
25:28 que “como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode
conter o seu espírito.” O livro de Provérbios é cheio de paralelismos e tal
característica é notória no verso acima: da mesma forma que uma cidade sem muros
(relativa ao contexto da época onde a galera se reunia para invadir algum reino
vulnerável) é fácil de ser invadida, assim somos nós se não tivermos o
autocontrole, fruto do Espírito. É necessário medirmos nossas palavras e nos
controlarmos diante de situações onde o que falamos pode nos colocar em maus
bocados. Explicando o trecho em negrito aí acima, onde consta que o
autocontrole não é tão “auto” assim, refiro-me ao fato de que, como já dito, o
autocontrole é fruto do Espírito, conforme Gálatas 5:22-23 (algumas traduções
trazem a palavra “temperança”). Ou seja: no contato constante com o Senhor,
somos transformados e aprendemos a conviver pela graça com os outros e no
sujeitar da nossa carne.
Segundo centímetro:
prudência/sabedoria
“O governador que dá atenção às palavras mentirosas, achará
que todos os seus servos são ímpios.” Foi isso que Salomão escreveu em
Provérbios 29:12 ao dizer que não devemos dar crédito a tudo o que ouvimos ou,
mais especificamente, verificar a procedência de determinados fatos. O exemplo
ainda fala mais alto que as palavras. Você pode ser criticado nos erros e nos
acertos também! Você não precisa provar nada para ninguém, nem perder a
essência do Mestre para agradar o falar das pessoas (ou no que elas acham que
devem ser agradadas). Cristo nos disse que somos bem-aventurados caso sejamos
perseguidos por testemunhá-Lo. O normal para quem conhece a Deus e Sua Palavra
é ser fora do normal para os padrões deste mundo. No mais, junto ao versículo
supracitado, Salomão reitera: “O tolo revela todo o seu pensamento, mas o sábio
o guarda até o fim.” Leia também Provérbios 25:8-10.
Terceiro centímetro:
integridade
Um verso interessante (e, às vezes, aparentemente confuso) é
Provérbios 25:23. Algumas traduções dizem que o vento norte traz a chuva,
outros dizem que ele a afugenta. Há uma explicação para isso e todo esse
contraste é explicado diante do paralelismo, como já dito, existente em
Provérbios. Fato é que da mesma maneira que o vento vindo do norte pode afastar
a chuva, sermos intolerantes a falatórios e mexericos fará com que eles não
venham mais até nós. Pode ter certeza: a partir do momento, em que uma pessoa
vier te trazer fuxicos, fofocas, maledicências e você deixar claro para ela que
repudia esse tipo de coisa, ela não te falará mais nada do tipo.
Quarto centímetro: a
misericórdia
Gosto da palavra misericórdia pelo seu simbolismo
etimológico: o coração na miséria. Tipo, Deus foi misericordioso conosco ao nos
dar Jesus como Salvador, como o Amado de nossas almas. Ele pôs, literalmente,
Seu coração em nossas misérias e nos transformou. Um caso semelhante aos nossos
quando conspiram contra nós é o relato de Números 14: o povo de Israel queria
voltar para o Egito. A maior parte daquelas pessoas queriam destituir Moisés da
liderança e constituir um líder que as guiasse no retrocesso. É quando Deus se
ira e diz a Moisés que todo aquele povo será exterminado; no mesmo instante,
Moisés começa a interceder a Deus por todo aquele povo e a resposta do Senhor
é:
“E disse o SENHOR: Conforme
à tua palavra lhe perdoei.”
(Números
14:20)
Cara, você consegue imaginar que a misericórdia de Deus foi
tão grande e bondosa com aquele monte de gente reclamona por conta da
intercessão de Moisés? É claro que houve consequências (eles não entraram na
Terra Prometida por causa de tanta reclamação), mas Moisés não desejou vingança
(tipo Jonas esperando Nínive ser destruída por Deus); pelo contrário, ele
intercedeu pelo favor de Deus! E tem o caso de Estêvão também em Atos 7, onde
na hora de sua morte, ele pede a Deus para ter misericórdia de todos aqueles
que o apedrejaram e depois, pela graça, o Senhor alcança e transforma um daqueles
que apoiaram o apedrejamento de Estêvão: Paulo (leia este texto do blog Vida Jovem Cristã). A Bíblia nos ensina que não devemos nos alegrar
quando o nosso inimigo tropeçar (conforme Provérbios 24:17); é o Senhor quem
retribui a cada um segundo suas obras! Ele é o Justo Juiz!
Você não precisa tirar pergunta a ninguém sobre o que estão
falando de você. Você é justificado pelo Justo Juiz! Quanto à resposta, você já
a tem, e ela vem de Jesus: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que
vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos
céus;” (Mateus 5:44)
Que Papai do céu nos ajude com Sua graça e bondade.
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