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#163. A deslembrança da Noiva e seu incerto casamento

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#163. A deslembrança da Noiva e seu incerto casamento

É notória a perdição dos cristãos em meio ao caos ideológico dos nossos dias. O abismo entre ser cidadão e ser cristão é cada vez mais colossal, frágil e incoerente. A quebra de tradicionalismos, estereótipos e a urgência de novas pautas sociais vêm pedindo um posicionamento social coeso e firme, sendo da Igreja o levante mais esperado, como resposta à justiça e dignidade ao ser. Tantas mudanças, contudo, proliferou uma graça barata e relativizou princípios do caráter de Deus, já que o homem se perdeu dEle. Cegos com cegos. 

Como deve ser o posicionamento dos cristãos nos dias atuais?

Tem-se visto noivas que não sabem com quem estão casando. Subjuga-se aos gritos do coração, aos movimentos políticos e perde-se a sintonia com o Eu Sou, a voz que por si só basta. O século contemporâneo não sabe quem ouvir, de forma a elencar discursos que pareçam coerentes ou sejam aceitos em seu círculo social. Fato é que nem sempre há convergência com a voz do Esposo e formam-se assim cristãos confusos em seus posicionamentos políticos, sociais, ideológicos.

O problema do Brasil e seus governantes é uma extensão de cidadãos desconhecidos de si. Sujeitos inflados de opiniões fabricadas, presos a ilusória liberdade vendida por militantes corruptos de si mesmo. E os ditos cristãos seguem a lógica, ainda que inconscientes. Líderes, ministros, servos tornam-se saqueadores da Presença em periódicas visitas para a porção da unção, anotações de direções ou leituras que buscam promessas em uma bíblia empoeirada. Esqueceu-se do Noivo. A relação foi profanada e ninguém notou.

Os estômagos se alimentam de uma sociedade que em passos largos unificou vício e virtude, em uma escala que deixaria o Barroco orgulhoso. A palha embasa casas que, de tão fracas, não precisam de vento para cair. Não se reconhece mais a batida do Amado na porta porque esta não é mais a dele. Edificou-se novos muros, novas janelas, entradas que avistam qualquer caminho, menos o estreito. Tornou-se apertado demais para os novos filhos de Abraão.

Torna-se necessário questionar o quanto a casa ama seu Anfitrião. Se há conhecimento de quem é o Noivo tão falado, mas desconhecido. Conhecer-se também passa por alinhamento à voz de Deus, somente. Voz que não se tolera em seletivos usos convenientes, tão comuns em alguns movimentos. A Noiva precisa lembrar-se do prazer em Cristo. 

Ainda haverá casamento? Há quem espere, ainda que sozinho. Percebe-se um atraso não característico, no qual a incerteza do próximo passo é tangível. Afinal, quem é esse que dizem curar e expulsar demônios? Quem é esse da Galiléia? A pedra de maior valor se perdeu em transladações e foi substituída por bijuterias. Mas o Filho do Deus vivo, que se ajoelhou em um inusitado pedido, não se compõe pelo finito. Há algo de podre neste século e o véu da Igreja continua manchado. Precisa-se do perfume do céu, de uma revelação final. Os sinos estão tocando. Haverá sim, reciprocidade? 
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