É
notória a perdição dos cristãos em meio ao caos ideológico dos nossos dias. O
abismo entre ser cidadão e ser cristão é cada vez mais colossal, frágil e
incoerente. A quebra de tradicionalismos, estereótipos e a urgência de novas
pautas sociais vêm pedindo um posicionamento social coeso e firme, sendo da
Igreja o levante mais esperado, como resposta à justiça e dignidade ao ser.
Tantas mudanças, contudo, proliferou uma graça barata e relativizou princípios
do caráter de Deus, já que o homem se perdeu dEle. Cegos com cegos.
Tem-se visto noivas que não sabem com quem estão casando. Subjuga-se aos gritos do coração, aos movimentos políticos e perde-se a sintonia com o Eu Sou, a voz que por si só basta. O século contemporâneo não sabe quem ouvir, de forma a elencar discursos que pareçam coerentes ou sejam aceitos em seu círculo social. Fato é que nem sempre há convergência com a voz do Esposo e formam-se assim cristãos confusos em seus posicionamentos políticos, sociais, ideológicos.
O
problema do Brasil e seus governantes é uma extensão de cidadãos desconhecidos
de si. Sujeitos inflados de opiniões fabricadas, presos a ilusória liberdade
vendida por militantes corruptos de si mesmo. E os ditos cristãos seguem a lógica,
ainda que inconscientes. Líderes, ministros, servos tornam-se saqueadores da
Presença em periódicas visitas para a porção da unção, anotações de direções ou
leituras que buscam promessas em uma bíblia empoeirada. Esqueceu-se do Noivo. A
relação foi profanada e ninguém notou.
Os
estômagos se alimentam de uma sociedade que em passos largos unificou vício e
virtude, em uma escala que deixaria o Barroco orgulhoso. A palha embasa casas
que, de tão fracas, não precisam de vento para cair. Não se reconhece mais a
batida do Amado na porta porque esta não é mais a dele. Edificou-se novos
muros, novas janelas, entradas que avistam qualquer caminho, menos o estreito.
Tornou-se apertado demais para os novos filhos de Abraão.
Torna-se
necessário questionar o quanto a casa ama seu Anfitrião. Se há conhecimento de
quem é o Noivo tão falado, mas desconhecido. Conhecer-se também passa por
alinhamento à voz de Deus, somente. Voz que não se tolera em seletivos usos
convenientes, tão comuns em alguns movimentos. A Noiva precisa lembrar-se do
prazer em Cristo.
Ainda
haverá casamento? Há quem espere, ainda que sozinho. Percebe-se um atraso não
característico, no qual a incerteza do próximo passo é tangível. Afinal, quem é
esse que dizem curar e expulsar demônios? Quem é esse da Galiléia? A pedra de
maior valor se perdeu em transladações e foi substituída por bijuterias. Mas o
Filho do Deus vivo, que se ajoelhou em um inusitado pedido, não se compõe pelo
finito. Há algo de podre neste século e o véu da Igreja continua manchado.
Precisa-se do perfume do céu, de uma revelação final. Os sinos estão tocando.
Haverá sim, reciprocidade?
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