Atravessando a ponte
Ei! Saia do barco! É, saia do barco para
andar sobre as águas! Já conversamos sobre isso aqui outras vezes... no começo
eu quis fugir por pensar que o mais fácil seria não encarar a realidade, mas aí
vem Deus e faz do mais covarde o mais destemido. Aos vinte, meu pai me disse que
a vida é como uma guerra e logo recebi o convite para vivê-la, mas foi apenas
aos vinte e um que ela chegou, de fato. Mais do que nunca, eu precisava (e cada
vez mais preciso) absurdamente dEle, do meu Pai celeste. Era sobre o Sessenta e
Sete... ele só emergiria quando a criança que chorava em meu interior não
tivesse medo de caminhar passos que ela nunca imaginou dar.
Sempre que eu ler isso, serei lembrado da
bondade dEle em cada um daqueles momentos de aflição seguidos de fé. Sim, foi a
fé aliada à graça que me levou a dar um tiro no escuro sem saber o que viria
pela frente e renunciar a proposta de emprego que me manteria em minha cidade
natal - confortável por n razões,
diga-se de passagem -, e, com o coração apertado (embora certo de que Jesus estava
me chamando a caminhar sobre as águas e ir ao Seu encontro), disse “não” ao meu
caro amigo, na época, futuro prefeito. Foi preciso fé para dar os passos
iniciais (e todos os outros que, certamente, virão) e, como Abraão, sair da
minha terra e da minha parentela e ir a uma terra que Ele estava a me mostrar. E,
não, não havia segunda opção em nenhum sentido (você vai lembrar bem da segunda
opção a que me refiro).
Fé, cara! Fé para crescer espiritualmente e
conhecer mais de perto o Deus a quem você serve; fé para viver exatamente
aquilo que conhecemos teoricamente, mas hesitamos quando o Senhor nos pede para
colocá-la em prática. Fé para assumir riscos, crescer como pessoa na
dependência do Altíssimo e viver aquilo que Jesus tem para cada um de nós e não
temer mais as situações adversas que encontraremos durante o caminho. Fé para
adorar, despretensiosamente, em todo o tempo ao bom Deus, quer aceitemos ou
não. E graças a Ele, nunca estive sozinho: Deus me fez, literalmente,
atravessar a ponte em todos os sentidos e ir do desespero à esperança, da
covardia à coragem, do Sessenta e Oito ao Sessenta e Sete, dos vinte aos vinte
e um, do primeiro ao segundo e aquele meu outro pedido que só Ele sabia (como
quase todos os outros): de Juazeiro à Petrolina.
O teorema do quase
Pedi ao Amado um coração novo porque o
velho já estava bem sujo. Parecia que eu havia tomado um misto de tristeza e
ódio que pensava eu serem os combustíveis para meus melhores escritos, mas não;
foi presunção da minha parte. Essas linhas agora estão sendo escritas com o
coração novo transbordante de alegria e amor, aleluia! Ele me disse que para
determinados adjetivos e sentimentos, não há meios-termos. A tarde, por
exemplo, é dia e quando eu não aceito amar, indiretamente desejo que o ódio
cresça em mim. Tudo o que é bom é extremamente bom, entretanto mais ou
menos é sempre menos, meio limpo é sujo, o morno não serve, meio claro equivale
a escuro e o quase não significa coisa alguma.
Cada vez que eu tento me desconstruir ao
meu modo, seja entre as fronteiras do Sessenta e Sete ou do Sessenta e Nove,
minha alma chora e grita desesperadamente com medo de se afastar do bom Deus e
de se esquecer de que Ele, além de Senhor e Pai, é bom. Essência, cara,
essência! Querendo você ou não, tua identidade está ligada intimamente a Ele e
isso faz parte de você! Não há como arrancar o amor de dentro de ti! Lembre-se
de Jeremias 18 (e de quando você tinha essa idade), de tudo o que eu sou, do
vaso, do descer, das mensagens e recados e não volte a ser a botija quebrada.
Abandone certas coisas, mas não deixe a criança ingênua e pura se perder
no meio do caminho. O limite entre o Sessenta e Sete e o Sessenta e Nove não
está no fazer da própria felicidade (e Deus já te falou muito sobre isso, lembra?),
mas no equilíbrio entre ambos. Mais ainda será o que o Senhor fará em
você e através de você, não no que você pensa ser capaz de fazer usando Ele e
Sua Palavra. Seja racional e sensato, mas, por favor, não seja chato. As
respostas que tua alma busca não estão em teorias da psicologia, teses ou leis.
Tua fome é mais forte. O mundo não é digno de ser o suspeito (leia-se culpado) do
crime de fazer com que você se torne alguém amargo, cara (quando me falaram da
“malícia”, o Senhor me lembrou [leia
Mateus 10:6] de que sou cristão). Agora decifre o que parecia
indecifrável: você precisa de Deus! É isso.
Nada a perder
Quem são os homens que ditam a perfeição da
forma, do movimento, da estética estática e das estações? Não confiarei em mim
mesmo ao ponto (não afim, mas a fim) de entregar tudo que há em mim a Deus:
planos, sonhos, a vida, o ser e o estar. O culto oculto é apaixonante! Agora
sei que o amor assume riscos e consequências por mais sofridas que elas possam
ser. E que o mais importante é pertencer ao Deus de amor, e é esse o maior motivo
de minha felicidade. Hoje, por exemplo, foi incomparável: nada como a
intimidade restaurada e poder se jogar sem medo no amor do Pai. Servir sem
esperar que outro se levante, abandonar as birras de quando se foi deixado de
molho (o que é normal se você já teve tua “fase” e agora vive outras, visto que
uns plantam e outros colhem, afinal ninguém é insubstituível no Reino).
Sem raízes em Cristo, me diga, então, que
fruto você pode dar? (leia João 15 e
Oseias 9-10) Bíblia sempre! Nunca se esqueça do Senhor. Nunca se
esqueça do que Ele tem feito. Atravesso a ponte e não aceito o inverso (você
vai se lembrar daquele dia na igreja). Está na hora de agir como filho de Deus
e cuidar dos negócios do meu Pai. Está na hora de vê-Lo como Pai meeeeeesmo, mas,
para isso, o Espírito Santo tem que estar dentro de você.
Não terminou. Na verdade, aqui não é o fim. É apenas o começo do Sessenta e Sete (aquele que você conhece por Eterno Inconformado). E se havia algo de bom, entreguei e devolvi a Deus, como se nada daquilo tivesse feito, um dia, parte de mim.
Quase chorei. Quase.
ResponderExcluirMelhor comentário!
ExcluirP.S.: Me liga, Mister! =]