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#201. Epígrafe

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#201. Epígrafe

Atravessando a ponte

Ei! Saia do barco! É, saia do barco para andar sobre as águas! Já conversamos sobre isso aqui outras vezes... no começo eu quis fugir por pensar que o mais fácil seria não encarar a realidade, mas aí vem Deus e faz do mais covarde o mais destemido. Aos vinte, meu pai me disse que a vida é como uma guerra e logo recebi o convite para vivê-la, mas foi apenas aos vinte e um que ela chegou, de fato. Mais do que nunca, eu precisava (e cada vez mais preciso) absurdamente dEle, do meu Pai celeste. Era sobre o Sessenta e Sete... ele só emergiria quando a criança que chorava em meu interior não tivesse medo de caminhar passos que ela nunca imaginou dar.

Sempre que eu ler isso, serei lembrado da bondade dEle em cada um daqueles momentos de aflição seguidos de fé. Sim, foi a fé aliada à graça que me levou a dar um tiro no escuro sem saber o que viria pela frente e renunciar a proposta de emprego que me manteria em minha cidade natal - confortável por n razões, diga-se de passagem -, e, com o coração apertado (embora certo de que Jesus estava me chamando a caminhar sobre as águas e ir ao Seu encontro), disse “não” ao meu caro amigo, na época, futuro prefeito. Foi preciso fé para dar os passos iniciais (e todos os outros que, certamente, virão) e, como Abraão, sair da minha terra e da minha parentela e ir a uma terra que Ele estava a me mostrar. E, não, não havia segunda opção em nenhum sentido (você vai lembrar bem da segunda opção a que me refiro).

Fé, cara! Fé para crescer espiritualmente e conhecer mais de perto o Deus a quem você serve; fé para viver exatamente aquilo que conhecemos teoricamente, mas hesitamos quando o Senhor nos pede para colocá-la em prática. Fé para assumir riscos, crescer como pessoa na dependência do Altíssimo e viver aquilo que Jesus tem para cada um de nós e não temer mais as situações adversas que encontraremos durante o caminho. Fé para adorar, despretensiosamente, em todo o tempo ao bom Deus, quer aceitemos ou não. E graças a Ele, nunca estive sozinho: Deus me fez, literalmente, atravessar a ponte em todos os sentidos e ir do desespero à esperança, da covardia à coragem, do Sessenta e Oito ao Sessenta e Sete, dos vinte aos vinte e um, do primeiro ao segundo e aquele meu outro pedido que só Ele sabia (como quase todos os outros): de Juazeiro à Petrolina.

O teorema do quase

Pedi ao Amado um coração novo porque o velho já estava bem sujo. Parecia que eu havia tomado um misto de tristeza e ódio que pensava eu serem os combustíveis para meus melhores escritos, mas não; foi presunção da minha parte. Essas linhas agora estão sendo escritas com o coração novo transbordante de alegria e amor, aleluia! Ele me disse que para determinados adjetivos e sentimentos, não há meios-termos. A tarde, por exemplo, é dia e quando eu não aceito amar, indiretamente desejo que o ódio cresça em mim. Tudo o que é bom é extremamente bom, entretanto mais ou menos é sempre menos, meio limpo é sujo, o morno não serve, meio claro equivale a escuro e o quase não significa coisa alguma.

Cada vez que eu tento me desconstruir ao meu modo, seja entre as fronteiras do Sessenta e Sete ou do Sessenta e Nove, minha alma chora e grita desesperadamente com medo de se afastar do bom Deus e de se esquecer de que Ele, além de Senhor e Pai, é bom. Essência, cara, essência! Querendo você ou não, tua identidade está ligada intimamente a Ele e isso faz parte de você! Não há como arrancar o amor de dentro de ti! Lembre-se de Jeremias 18 (e de quando você tinha essa idade), de tudo o que eu sou, do vaso, do descer, das mensagens e recados e não volte a ser a botija quebrada. Abandone certas coisas, mas não deixe a criança ingênua e pura se perder no meio do caminho. O limite entre o Sessenta e Sete e o Sessenta e Nove não está no fazer da própria felicidade (e Deus já te falou muito sobre isso, lembra?), mas no equilíbrio entre ambos. Mais ainda será o que o Senhor fará em você e através de você, não no que você pensa ser capaz de fazer usando Ele e Sua Palavra. Seja racional e sensato, mas, por favor, não seja chato. As respostas que tua alma busca não estão em teorias da psicologia, teses ou leis. Tua fome é mais forte. O mundo não é digno de ser o suspeito (leia-se culpado) do crime de fazer com que você se torne alguém amargo, cara (quando me falaram da “malícia”, o Senhor me lembrou [leia Mateus 10:6] de que sou cristão). Agora decifre o que parecia indecifrável: você precisa de Deus! É isso.

Nada a perder 

Quem são os homens que ditam a perfeição da forma, do movimento, da estética estática e das estações? Não confiarei em mim mesmo ao ponto (não afim, mas a fim) de entregar tudo que há em mim a Deus: planos, sonhos, a vida, o ser e o estar. O culto oculto é apaixonante! Agora sei que o amor assume riscos e consequências por mais sofridas que elas possam ser. E que o mais importante é pertencer ao Deus de amor, e é esse o maior motivo de minha felicidade. Hoje, por exemplo, foi incomparável: nada como a intimidade restaurada e poder se jogar sem medo no amor do Pai. Servir sem esperar que outro se levante, abandonar as birras de quando se foi deixado de molho (o que é normal se você já teve tua “fase” e agora vive outras, visto que uns plantam e outros colhem, afinal ninguém é insubstituível no Reino).

Sem raízes em Cristo, me diga, então, que fruto você pode dar? (leia João 15 e Oseias 9-10) Bíblia sempre! Nunca se esqueça do Senhor. Nunca se esqueça do que Ele tem feito. Atravesso a ponte e não aceito o inverso (você vai se lembrar daquele dia na igreja). Está na hora de agir como filho de Deus e cuidar dos negócios do meu Pai. Está na hora de vê-Lo como Pai meeeeeesmo, mas, para isso, o Espírito Santo tem que estar dentro de você.

"Deus é bom! =]" escrito em uma lápide de cabeça para baixo

Não terminou. Na verdade, aqui não é o fim. É apenas o começo do Sessenta e Sete (aquele que você conhece por Eterno Inconformado). E se havia algo de bom, entreguei e devolvi a Deus, como se nada daquilo tivesse feito, um dia, parte de mim.

Caça ao tesouro - Parte 4
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