#292. Jeremias: A Justiça

Deus exalta e Deus humilha. Existem consequências para tudo, seja para a retidão ou para os desvios. E nós? O que estamos dispostos a enfrentar pelo chamado de servir ao Senhor? Confronto ou conforto?

O livro de Jeremias traz histórias paralelas àquelas descritas nos capítulos de 2 Reis: Judá estava sendo infiel ao Senhor, e isso implicaria em sua destruição. Particularmente, arrisco dizer que ao lado de Juízes, Jeremias é um dos livros mais soturnos da Palavra. São tristes os relatos de impenitência do povo – expressos em sua máxima no capítulo 2 –. Some a isso as afrontas que Jeremias vivenciou por proclamar a mensagem do Senhor: ele constantemente era ameaçado, ignorado, ferido e humilhado (veja os capítulos 20, 26, 28, 36-38 e o versos 15-19 do capítulo 44). Com tudo isso, Jeremias nos ensina que por mais que se ame um povo ou uma terra, o mais importante é amar ao Senhor e fazer o que Ele nos pede, independentemente das consequências que servi-Lo fielmente pode nos causar.

“Mas, se eu digo: “Não o mencionarei nem mais falarei em seu nome”, é como se um fogo ardesse em meu coração, um fogo dentro de mim. Estou exausto tentando contê-lo; já não posso mais! E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.” – Jeremias 20:9 (NVI) + 2 Coríntios 4:11-12

Como supracitado, ao ler Jeremias de forma paralela a 2 Reis, você notará que Jeoaquim, Zedequias e Joaquim – respectivamente filhos e neto de Josias (o último rei justo de Judá) – governaram por um curto espaço de tempo sob ameaça babilônica e uma constante recorrência de socorro ao Egito. É nesse contexto político que Jeremias tinha a missão de anunciar aos reis de Judá e a todo o povo em geral que Jerusalém seria tomada e destruída por conta de sua idolatria, incredulidade e sincretismo. Essa mensagem anunciada pelo profeta refletia os pilares da aliança que Deus fez com o povo em Deuteronômio: se o pacto fosse violado, sérias consequências resultariam de tamanha apostasia e elas vieram.

O juízo de Deus para com o povo era certo. Por ser um Deus zeloso e fiel à Sua Palavra, Ele não toleraria tamanha idolatria e mistura. Mas Ele também é Deus de misericórdia, agindo com amor para com Seu povo: é aqui que Jeremias, usado pelo Senhor, conclama o povo a aceitar o exílio na Babilônia, visto que havia um propósito nisso tudo (e mesmo sem entender, o povo deveria confiar que a vontade soberana do Senhor é sempre a melhor), afinal Ele prometera que os traria de volta, prometendo-lhes um futuro de paz (leia os capítulos 29-35, esse último com um baita exemplo de obediência!).

No final do livro, Jeremias também proclama juízos contra outras nações, entre elas o Egito, alguns inimigos históricos de Judá e a própria Babilônia (a destruidora também seria destruída). No último capítulo, um epílogo conclui com a realização do que Jeremias havia profetizado: Zedequias, o rei que ignorou a mensagem do profeta, morreu; Joaquim, o rei que deu ouvidos à Palavra, mesmo na prisão, continuou vivo, aposentado e Observe como esse epílogo histórico final serve para justificar Jeremias como profeta. O rei que rejeitou as palavras dele morre em ignomínia (52.6-11); o rei que as aceitou, ainda que em outra terra que não a sua, continuou a viver de maneira honrosa até o fim de sua vida.

A restauração final do povo de Deus também foi profetizada por Jeremias: o Renovo justo de Davi “reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jeremias 23:5) é o “Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu” (Apocalipse 5:5). Sim! Ele, o Senhor dos Exércitos, o Rei Jesus que voltará para resgatar o Seu povo e nos levará para a Sião restaurada, lugar onde encontraremos com Ele face a face! \o/

REFERÊNCIAS:

Fee, G., & Stuart, D. (2013). Como ler a Bíblia livro por livro: um guia de estudo panorâmico da Bíblia. São Paulo: Vida Nova.