Quem nunca quis reservar um tempo só para si a fim de
reorganizar as ideias? Deixar algumas coisas de lado e refletir sobre os fatos
que nos cercam, atitudes de pessoas próximas, pensamentos e tudo mais? Algo
normal, de fato, mas que deve ser feito com cuidado, afinal há uma tênue
diferença entre isolamento e introspecção.
“Porque na muita sabedoria
há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor. Melhor é a
mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.”
(Eclesiastes
1:18; 7:3)
Já falamos sobre inteligência interpessoal aqui no blog, aliás
uma boa parte dos textos publicados no Eterno Inconformado foram frutos de
períodos de introspecção da minha parte. Durante momentos em que eu quis me
afastar um pouco de tudo e de todos, Papai do céu me tornou alguém mais sóbrio,
digamos, analítico... porque se outrora fui um bobo a falar coisas sem medir as
consequências, chega um tempo em que Ele nos convida a medir (e repensar) o que
sai dos nossos lábios e o que mostramos à sociedade como filhos dEle. Parar
para observar, analisar e manter um estado de introspecção nos faz olhar o
mundo com outros olhos e pensarmos mais sobre a vida e as situações cotidianas,
como diz Eclesiastes 7:3.
Vou citar algo, aparentemente, fora do contexto, mas que
traz uma lição por trás: o pessoal do Linkin
Park (uma banda de rock norte-americana)
começou a se popularizar por conta de um estilo característico que eles
trouxeram no início da década de 2000. Eles lançaram dois CDs inovadores para a
época, misturando letras adolescentes com hip
hop e metal, um som muito bom aliado a poesias com dramas vividos por boa
parte dos jovens. A situação começou a mudar a partir do terceiro disco da
banda, onde eles mudaram a sonoridade das músicas e passaram a experimentar
novos estilos musicais. O resultado é que eles foram (e vêm sendo) bastante
criticados pelos fãs e pela crítica “especializada”, todavia, os integrantes da
banda contam em relatos que eles não ligam para isso. O que vejo de interessante
nessa história toda é que com o passar dos anos, eles deixaram de escrever e
usar arranjos musicais para adolescentes em crise existencial. Se no primeiro
disco, eles tinham cerca de 23 anos, hoje, eles beiram os 40! Nota-se uma
evolução, uma mudança de pensamento por conta dos membros da banda; houve a
necessidade de amadurecimento e de passarem um espaço de cerca de 4 anos entre
um CD e outro, e eles fizeram tudo isso “isolados” em um estúdio, sem exposição
à mídia. Isso nos remete ao fato de que poderemos ser criticados por deixarmos de
lado as coisas de menino, a fim de crescer na fé e na maturidade como seres
humanos, entretanto, nunca podemos perder a essência, o caráter de Cristo em nós.
O problema ao nos isolarmos é que acabamos por criar
barreiras e um mundo particular, como se os outros não existissem (e
precisamos, como filhos de Deus, levar Sua luz aos que estão na escuridão),
mas, como dito anteriormente, há uma diferença entre isolamento e introspecção:
um é negativo, o outro pode ser benéfico quando bem usado. Não dá para se
isolar totalmente, porque é no convívio social que nossa identidade é moldada,
todavia, ela é, de fato, caracterizada, quando estamos com Deus, e estar com
Ele nos torna mais parecidos, mais semelhantes a Seu Filho: Jesus! =] E se
preciso for deixar tudo de lado para estar com Ele por mais tempo, faça e aproveite bem este tempo
com o nosso doce e bom Pai, só não se isole tanto, porque é mais fácil ser
atacado sozinho do que em grupo (os Três Porquinhos sabem bem disso).
Pense na introspecção como o processo de metamorfose da
lagarta para a borboleta: a lagarta precisa ficar sozinha em um lugar chamado
casulo por algum tempo. Durante esse período, a lagarta vai se modificando aos
poucos, desenvolve asas e, no fim do ciclo de metamorfose (transformação) ela
sai como borboleta, algo totalmente diferente da lagarta que iniciou o
processo. Nossa metamorfose, nossa transformação só acontece quando estamos com
Deus; não basta se isolar. É estando com Ele que somos transformados e nos
encontramos verdadeiramente; deixamos de rastejar como lagartas diante do
mundo, de nós mesmos e do pecado e Ele nos dá asas para voar em Sua graça e
verdadeira liberdade (leia: “A todos que anseiam por liberdade”).
“No SENHOR confio; como
dizeis à minha alma: Fugi para a vossa montanha como pássaro?”
(Salmos 11:1)
Tenha sempre em mente que se afastar de tudo e de todos, sem
um propósito específico, não resolverá nada. Se você precisa de um tempo para colocar algumas coisas em ordem, use
desse tempo com sabedoria e orientação de Deus em oração e meditação bíblica.
No Salmo 11:1, Davi se pergunta se vale a pena fugir para as montanhas como um
pássaro. Note que “fugir” aqui é sinônimo de isolamento. Ele sabe muito bem que
deve confiar no Senhor em todo tempo, pois adiante, no Salmo 121, está escrito:
“Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro. O meu
socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra.” E, para a declaração de
confiança em tempos de “isolamento” ficar ainda mais bonita, observe o que diz
um trecho do Salmo 139:
“SENHOR, tu me sondaste, e
me conheces. Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua
face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que
tu ali estás também.”
(Salmos
139:1,7-8)
Precisa dizer mais alguma coisa? Onde estivermos, Ele estará
antes de nós, cuidando de tudo! Lindo também é o verso 11 que diz: “Decerto que
as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.” Deus é doce,
soberano e bom! *^^* E para finalizar o texto, deixo este trecho de um poema da
Cecília Meireles (escrito, certamente, em um período de introspecção da
autora):
“Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que
queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?”
Nem Tudo é Fácil – Cecília Meireles
Que Papai do céu te
abençoe e te guarde!
Ele é bom, muito bom! E você, por favor, continue subindo!
=]
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